A relação entre pais e filhos é repleta de amor e cuidados desde que o mundo é mundo. Junto a isso vem o mimo, o apego, o medo de perder esse elo… Dentre os ciclos da vida, a separação entre pais e filhos é algo extremamente natural, já que conforme vamos amadurecendo, as nossas vontades vão tomando espaço e se distanciando das vontades dos outros da família. Os sonhos vão ganhando corpo e se tornando realidade e temos que nos jogar no mundo para o trabalho, para o casamento, para morar em outro país… não importa! Pronto! A ruptura ocorre…e para o bem! Mas como lidar com isso se há preocupação, há apego?
Vejamos um exemplo de situação familiar, em que os pais querem ter os filhos sejam felizes e também querem que esses filhos continuem com eles para sempre… num determinado momento, um dos filhos quer se casar e surge uma dificuldade muito grande dos pais de se separarem deste filho que vai começar uma nova vida. Eles querem que os filhos casem, mas também querem que os filhos continuem ao lado deles dando a mesma assessoria de sempre. O que vai acontecer é impossível de evitar, pois este jovem passa por um choque – de um lado ele precisa dar uma assistência a família que está formando e também há uma preocupação e cobrança com a família de origem. Esse tipo de situação gera muitos conflitos… sabe por que? Porque ou estes pais querem tudo ao mesmo tempo ou mesmo este filho pode também querer formar uma família, mas ainda continuar da mesma maneira com a sua família de origem. Isso não é possível!!!!
É primordial ter isso bem definido na mente. O discurso ideal seria “Tudo bem… terminou, vamos nos “separar” desta relação mais próxima entre meus pais e eu, e vou agora realizar uma outra relação”.
Assim, sabe-se que você pode ter tudo, mas não da mesma forma sempre.
Isso não significa que com o casamento dos filhos, os pais vão perdê-los, mas eles vão sim se separar e já não vai ser como era antes, vai ser algo diferente, e temos que ter a fé de que as coisas mudam tudo em seu tempo e vão mudando pra melhor, e nós vamos ficando, fazendo e realizando coisas de maneiras diferentes.
Este se abrir para o novo é muito assustador, então é preferível ficar no antigo. Este é o sentido do apego, que vem também com dor, com o querer possuir alguém, ter a situação daquele jeito que está habituado.
Ao reconhecer que a separação é necessária, a convivência será mantida, mas de forma diferente, até mais gostosa e mais harmoniosa. Tudo o que foi vivido foi parte de uma fase na vida entre pais e filhos, quando crianças há uma rotina e cuidados diferentes de quando se tornam adolescentes e depois mais ainda quando adultos. A partir do momento que isso fica bem definido na mente dos pais – e principalmente da mãe – surge uma sensação de dever cumprido, pois este filho está andando com suas próprias pernas, guiados por tudo o que lhe foi ensinado neste lar.
Como é importante olhar para trás e reconhecer tudo o que foi bom nesta relação desde a gestação até o momento de lançar os filhos para o mundo. Reconheça as coisas boas que se viveu com seus filhos enquanto eles eram pequenos até a fase adulta, e agora eles estão seguindo o caminho deles, eles vão se lançar a uma outra atividade, ou a um casamento ou de repente vão viver num outro país ou numa outra cidade.
Se este jovem vai estudar fora ou vai morar sozinho ou vai se casar, uma nova fase em sua vida ocorrerá e isto fará uma grande diferença em seu amadurecimento. Para estes pais este é o momento de viver novas coisas, de usar a criatividade e aproveitar a vida de outra forma. Os dois lados ganham! É só permitir… já que os pais vão continuar sendo pai e mãe destes filhos… isso não se muda! O que muda é o olhar a tudo isso.