A maternidade é um momento tão intenso na vida de uma mulher que traz junto ao bebê uma mudança em todo o ambiente, em especial se for a primeira gestação. Entre a alegria de ter um novo morador na casa, há também toda uma transformação na rotina da mãe e também do casal. O novo modo de vida com todas as suas responsabilidades afeta a saúde da mulher e muitas vezes levam a problemas de saúde como a depressão pós-parto.
A mulher, quando está grávida, tem todas as atenções voltadas a ela, com todos os cuidados da família e do médico. Quando o bebê nasce, as atenções se voltam totalmente para o bebê e a mãe passa a ocupar um segundo plano e, com isso, ela se sente amada ou não. Outro ponto que envolve muito a autoestima dessa mulher é o físico, já que com a gravidez e as primeiras semanas pós-parto o corpo apresenta grandes mudanças e isso passa a incomodar porque antes havia um porquê para os inchaços e para a barriga que crescia mês a mês, com a presença do bebê, mas quando a criança nasce não há mais um abrigo para o bebê e a barriga já não é a mesma nem de antes.
Quando ela deixa de ser o centro das atenções e também perde a autoestima, essa mulher começa a se sentir de escanteio e a ter que tomar conta de alguém, sendo que antes alguém estava tomando conta dela. Há uma inversão muito rápida de papéis e isso pode deixar a mãe se sentindo incapaz ou com sensações de “não sou mais tão importante”, “estou feia’, “meu marido já não gosta mais de mim”, sem falar nas dores, em especial devido à amamentação.
Esta é uma mudança muito grande e, com todo o movimento da chegada de um bebê em sua vida, ela vai perdendo sua essência de mulher e vai ficando apenas com a essência de mãe, e uma mãe que tem que cuidar, uma mulher que tem que cuidar e não mais ser cuidada. Com tantos problemas emocionais que ocorrem nesta fase, muitas mulheres podem não chegar a uma depressão, mas fica um incômodo com a situação.
Além disso, os cuidados que o bebê exige são intensos e, muitas vezes, essa mulher se sente incapacidade em assumir todas as responsabilidades exigidas e, assim, cria-se uma onda de ansiedade que tende a crescer conforme o recém-nascido vai exigindo mais e mais dessa mãe… imagine o choro de um bebê! Por vezes conseguimos decifrar esse choro, se é de fome ou se quer ser trocado ou simplesmente se quer colo. Mas, por vezes, não se sabe qual é o sinal do choro e isso vai agonizando e aumentando a ansiedade na situação.
Junta-se a essas exigências maternais as alterações hormonais ocasionadas no pós-parto. Já houveram mudanças drásticas nos hormônios produzidos pela mulher durante a gestação e, de repente, novas ondas hormonais invadem esse ser. Logo após o parto, os hormônios estrogênio e progesterona sofrem queda brusca, bem como os hormônios tireoidianos. Essas alternâncias trazem oscilação no humor, incluindo tristeza e crises de choro, que em algumas mulheres possuem uma intensidade tão grande que desencadeiam a depressão pós-parto, além de cansaço extremo.
Essa roda gigante não demora a acontecer. As primeiras semanas são as mais comuns às mulheres desenvolverem a depressão pós-parto.
Assim que a gestante dá à luz, ela já sente uma turbulência dentro de si, com um misto de alegria e medo. A felicidade em ter seu bebê nos braços se mistura ao que vem pela frente. Enquanto a grande maioria das mulheres consegue lidar com a situação – mudanças de humor, fadiga, privação de sono, entre outros fatores, outras não têm o suporte emocional para suportar.
Ao simples sinal de depressão, o mais recomendado é procurar ajuda médica e psicológica. É importante checar as dosagens hormonais, através de exames laboratoriais, o nível de pressão arterial e, sem dúvida alguma, uma avaliação do estado emocional… na maioria das vezes, as emoções são as responsáveis pela depressão pós-parto, com sentimentos de culpa por imaginar não estar dando conta dos cuidados que o bebê exige, com a autoestima totalmente em baixa, ou algum tipo de estresse causado por inúmeros fatores como dificuldades de amamentar, falta de apoio do parceiro ou até problemas financeiros.
Portanto, além do reequilíbrio hormonal, a psicoterapia é o meio mais indicado para a depressão e no caso de leve a moderado é possível eficiência no tratamento sem uso de antidepressivos.
Sintomas mais comuns da depressão pós-parto
- Tristeza
- Fadiga
- Distúrbio do sono
- Perda de interesse por atividades comuns
Fatores de risco:
- Histórico anterior de depressão e/ou transtorno bipolar
- Histórico familiar de depressão e/ou transtorno bipolar
- Depressão durante a gestação
- Estresse
- Falta de apoio do parceiro e da família
- Violência doméstica
Como manter a depressão pós-parto distante
1. Mantenha uma alimentação saudável
2. Assim que possível, durma bem – apesar de parecer impossível, peça ajuda a familiares ou babá
3. Também quando possível, faça algum exercício físico, nem que por poucos minutos
4. Evite cafeína
5. Mantenha um elo com a família e amigos mais íntimos – eles são um grande apoio
Minha recomendação é: Nunca deixe a depressão ocupar espaço em sua vida! No caso da depressão pós-parto, menos ainda… permita que o bebê deixe seus dias mais iluminados começando por você mesma!!!! Não se isole nem se cobre excessivamente. Tudo tem seu tempo… Aproveite a chegada de um filho para se redescobrir… Cuide dele, mas cuide também de si mesma.